domingo, 31 de maio de 2015

O doador de memórias










Autor : Lois Lowry
Editora:Arqueiro
Edição: 2014
Páginas 192


Li O Doador de Memórias, sem fazer ideia de qual seria a trama, e recomendo a todos que façam o mesmo, pois a surpresa é muito melhor. Confesso (com muita vergonha, que até hoje não tive tempo de assistir ao filme mas, já está na minha lista hehhe)... Nesse livro vemos um pouco de um mundo "perfeito" pelos olhos de um menino de 12 anos que não conhece dor, solidão, amor ou felicidade verdadeira. Sua comunidade se livrou de tudo o que fosse intenso demais, a fim de evitar quaisquer conflitos e problemas. Jonas acredita que é feliz, até que tem a oportunidade de conhecer sentimentos reais, e sua visão do mundo se altera completamente.

Jonas vive em uma sociedade perfeita. Sem sentimentos intensos, sem desigualdade, sem cores e sem dor, não existem problemas ou situações conflituosas entre seus membros, que mantêm tudo em ordem com muita dedicação, cada um desempenhando seu papel social da melhor maneira possível. Ao completar 12 anos, cada uma das crianças é indicada, em uma grande cerimônia, ao posto que deverá assumir na vida adulta, começando o treinamento para se tornar parte ainda mais ativa daquele núcleo sistemático e eficiente.


Sua Mãe trabalha com a lei, enquanto seu Pai cuida das crianças novas até que estejam prontas para serem distribuídas para famílias solicitantes porque, claro, apenas poucas pessoas selecionadas são responsáveis por dar à luz. E a verdade é que Jonas não tem a mínima ideia do que o espera, mas, certamente, nem suas fantasias mais loucas o ajudariam a adivinhar o que estava por vir.

Depois de certo mistério e desconforto durante a Cerimônia, Jonas descobre que foi cuidadosamente escolhido para receber uma grande honra: ele será o próximo Recebedor de Memórias. O que isso significa? Basicamente que ele, agora, será o responsável por manter dentro de si todo o conhecimento do passado que a comunidade não tem para os demais só existe o presente, mas para Jonas passará a existir todo um passado complexo e igualmente incrível e doloroso.

Só que com grandes poderes vêm grandes responsabilidade, e seu novo cargo requere um isolamento e preparo que ele não estava esperando. Mas, aos poucos, a ideia começa a assentar e ganhar o interesse do jovem rapaz. Nos encontros com o atual Recebedor, o único ser da comunidade que tem noção de todo o passado que a humanidade viveu, Jonas começa a entender a extensão de seu poder e descobre que junto com as memórias agradáveis é preciso receber também as piores possíveis.

A cada encontro eles estreitam a relação Doador/Recebor, e o menino passa a questionar muitas coisas e a fazer descobertas incríveis e terríveis. Amor, noites de Natal, passeios na neve, mas também fome, dor e morte passam a fazer parte de sua realidade. E, conforme descobre novas coisas, cada vez mais ele se afasta daquele mundo de Mesmice. Angustiado e inconformado, Jonas precisa escolher entre a segurança de sua comunidade e a busca por suas novas vontades, arriscando a própria vida numa tentativa de entender melhor e até mesmo mudar a ordem das coisas.

Jonas é um garoto que vai se revelando aos poucos. Eu já gostei dele desde o início, e não teria me importado se a trama seguisse um rumo previsível e simplesmente contasse a história do garoto, porém o autor foi muito além disso. O protagonista foi muito bem utilizado, despertando os mais diversos sentimentos, e gostei muito de suas escolhas. Não chegamos a conhecer Rosemary, uma das personagens secundarias mas, ela foi uma de minhas personagens prediletas por sua coragem. De certa forma, eu sentia pena dos pais de Jonas e das outras pessoas que existiam sem realmente viver, porém ainda gostei bastante deles.

Esse livro definitivamente fará o leitor refletir sobre o que vale a pena. Se a dor compensa os sentimentos felizes, se fazer escolhas erradas é bom simplesmente por ter escolhas para fazer. Gostei muito da maneira como o autor traz essa sutil reflexão, porém gostaria que o início do livro tivesse sido muito maior, pois o mundo onde o protagonista vive não é descrito em muitos detalhes, o que torna a compreensão um pouco difícil. Além disso, é preciso ter uma mente aberta, pois o livro trata as memórias como algo abstrato que pode ser passado de pessoa para pessoa, e não traz nenhum tipo de explicação para tal.

O Doador de Memórias, é a prova viva de que um título interessante e uma capa atraente – mesmo que seja o pôster do filme – podem fazer milagres. Lançado em 2009 com o título “O doador”, tradução exata do original, caiu no esquecimento com facilidade… Até Hollywood aparecer com o roteiro da adaptação cinematográfica, claro.

Nem sempre gosto de capas de filmes, e esse é um exemplo de uma que não ficou tão legal. Ela só tem os atores, sem nada demais, e fica difícil tentar descobrir de que gênero é o livro. A diagramação interna é ótima e não encontrei erros de revisão. Gostei bastante da escrita da Lois Lowry, porém ela poderia ter descrito um pouco melhor as cenas, faltaram muitos detalhes importantes. Ainda assim, ela conseguiu criar algo incrível, principalmente em relação aos sentimentos.

O que mais me incomodou foi o final, que é aberto e não tem realmente uma conclusão. O livro tem seus defeitos, e talvez eu não tivesse gostado muito se fosse "só uma distopia", porém ele vai muito além disso e é uma daquelas histórias que tem algo "a mais", então recomendo a todos que leiam e tirem suas próprias reflexões.

Um comentário:

  1. Thays, cometi o pecado de ver o filme antes... mas mesmo assim ainda quero ler o livro.
    Muito bom o filme!

    http://colecionadoresdelivross.blogspot.com.br/

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